Sophia de Mello Bryner

Retrato de Sophia, por Arpad
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O poema
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O poema me levará no tempo

Quando eu já não for eu

E passarei sozinha

Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá

Às searas

Sua passagem se confundirá

Como rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará

O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes

Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas

Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará

Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas

De funda e devorada solidão

Alguém seu próprio ser confundirá

Com o poema no tempo
-
Sophia de Mello Bryner Andersen
Livro Sexto (1962)

Comentários

Anónimo disse…
hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....
Jefferson Lopes disse…
Lindo o seu blog...bem cuidado e organizado
imagem e poema combinação perfeita
Helena Teixeira disse…
Bonito blog.O desenho da Sophie é lindissímo.

Aproveito e deixo um convite: participe na Blogagem de Dezembro do blogue www.aldeiadaminhavida.blogspot.com
“O tema é: O Natal na minha Terra”
Basta enviar um texto máximo 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt até dia 8 de Dezembro. Participe. Haverá boa convivência e uma campanha de solidariedade para ajudar a Isabela (veja no blog da Aldeia)!

Um Abraço
Lena

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